domingo, 19 de julho de 2009

Dia, o Quarto

Mas não fiquei o dia todo no quarto não, fiquei mais foi na cozinha! Começei com uma mousse de chocolate, no almoço foi estrogonofe de frango e panquecas no jantar. Dei início à leitura da biografia de Renato Russo escrita pelo jornalista Carlos Macedo. Logo de cara gostei muito! Carlos Macedo faz toda uma apresentação do contexto histórico e político no Brasil desde Juscelino, com a construção de Brasília. Um excelente livro para ser usado nas aulas de História. Mas o melhor do dia foi assistir ao filme "The Legend of 1900". Como já narrei, ontem fiz a leitura do livro "Novecentos" de Alessandro Baricco. Hoje tive o prazer de ver este livro em forma de filme com a direção de Giuseppe Tornatore e a trilha sonora de Enio Morricone. Depois desta ficha técnica você acha que eu preciso escrever algo mais?

sábado, 18 de julho de 2009

Dia Terceiro

Suspiro... Dia de arrumação e viagem... Coloquei uma cortina, pendurei um mensageiro de vento que ganhei da Márcia, coloquei roupas de cama para lavar, estendi cobertores e travesseiros no sol, comprei uma arara para pendurar minhas roupas que estavam em caixas de papelão, enfim, deixei a casa pronta para minha viagem. Como terminei de ler "Quando Nietzsche chorou", estava ansioso para começar a ler "Novecentos". A viagem começa e o trânsito de São Paulo permite que eu leia e chore "Novecentos" antes de chegarmos em Jundiaí. É um livro pequeno, como todos os que eu já li de Alessandro Baricco: "Seda" e "Sem Sangue". Todos impactantes, todos de uma beleza difícil de adjetivar, todos com imagens encantadoras!! Um autor que TODOS precisam ler para se sentir mais humano, naquilo que o humano tem de mais belo!!

Fechado o livro, começa o espetáculo no poente: é o Sol se despedindo deste dia. Adoro viajar em horários em que o Sol está se apresentando no palco do horizonte. No ônibus este espetáculo varia a cada quilômetro e você só precisa se deixar levar pela paisagem que se descortina, divertindo-se com o balé de luzes e cores. Tanto faz o nascer do sol, ou o por do sol... adoro ambos. Posso vê-los diariamente e nunca me sento cansado. A exuberância ao nascer, a placidez ao se despedir. Assim devoro a Vida. Apesar de gostar de ver estes espetáculos dentro de um ônibus, o mais lindo nascer de sol que eu tive a oportunidade de vivenciar foi no alto de uma montanha; o Pico das Bandeiras. Caminhar a noite toda para chegar ao pico com a noite ainda presente. Chega-se ao pico, troca-se de camiseta para o delicioso conforto de uma camiseta limpa, que se aqueceu com o calor de seu próprio corpo dentro da mochila durante o trajeto... pequenos prazeres que fazem uma diferença inesquecível! Depois é se sentar quietinho e deixar a natureza brilhar. Enfim, Araras! Mãe, Irmã, Cunhado, Mathilde, a casa, o quintal, o quarto, a cozinha, a sala... tudo pulsando em mim!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Dia 2

Hoje o dia foi menos cansativo. Almoço com Regina, jantar com Márcia, cortar o cabelo com o Júnior, tomar um cafezinho com pão de tapioca e pão de café com recheio de chocolate no SESC Paulista (a foto do dia).
E: Vik Muniz!
Mais uma vez, sem fotos permitidas...
Foi interessante acompanhar como as obras se desenvolveram durante a carreira deste artista que atingiu o sucesso. Uma simples escavadeira riscando um osso no início, até chegar a toda uma equipe de agrimensores, tratores e caminhões para imagens muito mais elaboradas... indo até o vídeo onde se faz um zoom partindo do espaço e chega-se a imensos dados traçados na terra, talvez em alusão a Sartre!
As linhas, as nuvens, os diferentes materiais de composição em cada momento de seu trabalho, muitas vezes envolvendo várias pessoas na realização da obra e as diferentes formas de apresentação/reflexão do resultado.
Imperdível, apesar do padrão de mau humor e grosseria dos funcionários do MASP, mas isto é uma questão para os chamados Amigos do MASP...
Até amanhã, em Araras!!!

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Primeiro Dia em Férias!

"Mais um ano se passou e eu me sinto velho e acabado" Riso! Nem tanto assim, mas... muito trabalho, pouco dinheiro e a gente vai levando, vai tomando, vai aprendendo e todos os gerundios que possamos usar. Ontem, para comemorar invadi outra comemoração; o aniversário da Glorinha!! Depois de trabalhar o dia todo, passar pelo SESC Paulista comer um bolinho de café com recheio de chocolate (eu mereço), comprar uma garrafa de saquê acessível ao meu salário, pude encontrar amigos e relaxar. Hoje, dia seguinte, quis alimentar minha alma e passei por dois museus deliciosos: a Pinacoteca e o Museu de Arte Sacra. Não vou aqui fazer o papel de divulgador turístico. Quero apenas relatar alguns prazeres que, para mim, são essenciais. Começar assim minhas férias me deixa mais tranquilo. Me iludo achando que viver como eu vivo vale a pena (pelo menos, vale muito mais que meu salário). E o trabalho da foto figura muito bem minha sensação. (Por favor, não ignorem minhas lamúrias, elas também fazem parte do texto, senão, acho até que não haveria graça, mesmo sendo pimenta nos olhos de outros.) Tinha também uma baleia vestindo blue jeans entalada logo na entrada... mas o que eu gostei e não me canso de ver é o acervo da Pinacoteca no segundo andar. Talvez volte no final de minhas férias para fazer um novo passeio, de preferência, no sábado, para não pagar a entrada. A exposição em preto e branco também está maravilhosa e a exposição de pinturas panorâmicas muito bacana. Depois uma pausa para o Café. Continuando a caminhada, tive a grande surpresa do dia: o Museu de Arte Sacra. O lugar é delicioso. Podemos até ouvir os sons da Avenida Tiradentes, mas aos poucos ele vai desaparecendo e o barulho da água da fonte, em um singelo jardim no centro do Museu nos leva ao transcendente. A sala com o altar de Nossa Senhora da Luz, com seus Lampadários de prata! Uau! É um momento a parte. No final, os presépios. Outro delicioso prazer! É maravilhoso ver como o ícone da natividade expressa de maneira tão linda a diversidade dos povos e das pessoas. Cores e materiais. Composições: no caso o grandioso Presépio Napolitano retratando não só a natividade, mas o cotidiano de uma cidade (doação de Ciccilo Matarazzo, uma outra história) mas que adquire maior beleza e significado nas mãos de uma baiana, em um presépio feito de tecido, cabelos e outros materiais, retratando a vida cotidiana em Salvador. Pausa para suspirar. Não fotografei nada neste Museu pois não é permitido. Depois, relaxar, afinal, estou em férias, então; Harry Potter, porque ninguém é tão culto assim. Ufa! Que Grande Dia! Agora, aqui em casa, na cama, curtindo as memórias do dia é aguardando os dias que virão. Quero terminar de ler "Quando Nietzsche Chorou" para começar "Novecentos". E depois? Não sei e, neste momento, não quero saber. Fica aqui mais uma foto tirada na Pinacoteca. Hoje, especialmente, ela tem um significado e beleza ímpar, e fica postada aqui mesmo, para dar uma força ao meu texto.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Sobre a/o a(r)te/o de Vender Livros

“Eu quase de nada não sei, mas desconfio de muita coisa” Assim Guimarães Rosa nos fala na voz de Riobaldo. Assim também imagino Vendedores de Livros, ou os chamados Livreiros! Não sabem de nada (riso), não tem diploma. Mas podem conversar sobre quase tudo, talvez não profundamente, mas com conhecimento de causa, sim. Livros infantis, infanto-juvenis, juvenis, jovens, adultos, maturidade, qualquer sexo, qualquer religião, qualquer opção ideal... História em quadrinhos, mangas, literatura frívola, literatura clássica, literatura de entretenimento, literatura de reflexão, literatura bela, literatura de horror, literatura policial, literatura de suspense, literatura espírita, literatura de auto-ajuda, biografias e autobiografias... Crítica literária, semiótica, linguística, dicionários, ensino de línguas, guias de conversação, guias de viagem... Poesia. Psicologia, Psicanálise, Neurociência, Auto-ajuda, Saúde Mental... Filosofia Ocidental, Filosofia Oriental, Ciências Sociais, Antropologia, Mitologia, Administração, Direitos, Economia, Informática, Matemáticas, Engenharias... Comunicação, Jornalismo, Reportagens... Teatro, Cinema, Música, Dança, Televisão, Astros, Atrizes, Famosos, nem tão famosos assim, ilustres desconhecidos... Artes, Críticas, Ensaios, artistas plásticos, fotógrafos, artistas pós-contemporâneos que todo mundo como você deve conhecer... E pensei e lembrei e escrevi apenas alguns assuntos neste momento de louca lucidez. Fontes? Gargalhada! Jornais, revistas, televisão, mailing, amigo que me disse... Livros encadernados, livros em brochura, livros de bolso, livro eletrônico, livro esgotado... E quanto se paga por este conhecimento? Quanto vale este conhecimento? No Brasil, um Vendedor de Livro, ou Livreiro, não vale o prato que come, não vale o livro que lê. Um Livro pode ser como um remédio, ou droga... não se vende sem receita ou se toma só por ser atraente. Existem efeitos colaterais. Vide a recente discussão vazia sobre livros escolhidos para compor bibliotecas escolares. Um Vendedor de Livros pode ser como um mecânico que troca peças sem necessidade para ganhar mais dinheiro. Assim, um país que se proclama caminhando para um desenvolvimento mantém aqueles que garantem a fonte e o fluxo do conhecimento a toque de fome, sem perspectivas, sem crédito em seu trabalho. Assim os dirigentes neste mundo se iludem sobre um futuro promissor. Este futuro não virá enquanto cada um de nós não tiver seu devido valor! Este futuro não virá enquanto o acúmulo de riquezas for mais importante que a diversidade da riqueza humana. Este futuro não virá enquanto todos os seres humanos não tiverem acesso à dignidade, ao conhecimento e reconhecimento de ser quem é, como é. Simplesmente, penso eu, este futuro não virá.

De todo coração!

Exposição de Miguel Anselmo na passagem subterrânea Consolação/Paulista
até 31 de julho

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Era uma vez...

Minha infância foi ilustrada por contos de fadas, bruxas, heróis e vilões. Até hoje guardo na memória uma coleção de quatro volumes grandes, capa dura e vermelha, com desenhos lindos e uma frase destacada em uma caixa amarela no pé da página. Até hoje guardo no coração momentos deitado na cama ao lado de minha mãe enquanto ela lia aquelas histórias para mim. Eu ficava fascinado! Todas aquelas histórias contidas, impressas, impregnadas naqueles rabiscos pretos traduzidos pelo olhar de minha mãe. Tinha a história de um patinho feio, desprezado pelos próprios irmãos, e que vinha a ser o cisne mais bonito e admirado da lagoa onde vivia. Tinha também a história de um sapo feio e nojento que na verdade era um príncipe amaldiçoado e que voltava a ser realmente príncipe quando recebia um beijo de amor. No conto de fada isto era possível e se realizava: antes, um sapo amaldiçoado, depois, um príncipe encantado. Muitos anos se passaram. Antiguidades. Renascimentos. Romantismos. Modernidades. Pós... Nietzsche e Freud apregoaram há pelo menos um século que Deus, os Mitos e os Heróis estão mortos! Riso. Eis que surge, nos dias de hoje, um mito: Susan Boyle. Pato em cisne, sapo em príncipe; são analogias ingênuas. A mídia (não vou usar o termo mercado para não ser rotulado de Marxista) produz e se alimenta dos próprios filhos Kronologicamente. Na televisão brasileira já temos sua proliferação sistemática: tenha seu momento Susan Boyle; seja você também uma Susan Boyle; e variações sobre o mesmo tema. Altas audiências, intensa procura, produtos e derivados. Susan Boyle outrora feia, ridicularizada e frustrada, em uma fração de minuto atinge milhões de pessoas espalhadas pelo mundo que passam a dizer que a conhecem, que a amam. No dia seguinte (ou naquela mesma noite) milhões de pessoas espalhadas pelo mundo se viram no reflexo de um espelho e disseram para si mesmas: eu também sou uma Susan Boyle (sem fama). Suspiro. Nietzsche e Freud apregoaram há pelo menos um século que Deus, os Mitos e os Heróis estão mortos! Mas a mídia precisa da produção incessante de deuses, mitos, heróis e seus derivados para se alimentar. O resultado, na minha opinião? - Excesso de lixo. E repetindo o que já é cansativamente dito, nosso planeta já está saturado com tanto lixo. Se há valor em Susan Boyle? Sim, há! Assim como existe valor em cada um dos que a vêem e que se vêem em sua imagem. Apenas me pergunto: quando nos olharemos no espelho e teremos orgulho de ser o quê somos? Não orgulho de ser quem somos: Miguel, Susan, Jesus ou Sidarta. Mas orgulho de ser o quê somos: Humano (demasiado humano).