segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Domingo no Parque

Mais um domingo delícia. Programa para quem não tem dinheiro. Passear pelo Ibirapuera. Depois de ver a Orquestra do Auditório, ao ar livre. Jovens músicos transcendendo a mediocridade do dia após dia. A Dança das Águas. Muita gente, muita criança, muita vida, conhecer novas pessoas, pessoas que talvez nunca mais encontremos. Valeu o dia, valeu a música, valeu viver! São Paulo também tem vida! Basta vivê-la, bem!

domingo, 11 de outubro de 2009

Crônica para 11 de outubro

Dizem que tô louco
Por te querer assim
Por pedir tão pouco
E me dar por feliz
Em perder noites de sono
Só pra te ver dormir
E me fingir de burro
Pra você sobressair

Dizem que tô louco
Que você manda em mim
Mas não me convencem, não
Que seja tão ruim
Que prazer mais egoísta
O de cuidar de um outro ser
Mesmo se dando mais
Do que se tem pra receber
E é por isso que eu te chamo
Minha flor, meu bebê

Dizem que tô louco
E falam pro meu bem
Os meus amigos todos
Será que eles não entendem
Que quem ama nesta vida
Às vezes ama sem querer
Que a dor no fundo esconde
Uma pontinha de prazer
E é por isso que eu te chamo
Minha flor, meu bebê

Cazuza / Dé / Bebel Gilberto

11 de outubro de 1991 – 11 de outubro de 2009
18 anos – A maioridade de um sentimento.
Em uma certa noite Adriana me perguntou se eu achava mesmo que o Amor é eterno, e eu confirmei, SIM. O Amor é eterno. As relações se transformam, mas o Amor é eterno. Haja visto que hoje comemoro 18 anos de um Grande Amor e quero me dedicar a um texto em sua memória.
Um dia Clarice me revelou: “Medo de não amar, maior que o medo de não ser amado.” Eu me senti triste pois naquele momento achei que nunca havia amado ninguém. Riso. Mas este era um auto-engano que a pouca vida oferece para dar mais ênfase, mais dramaticidade, mais consistência àquele pouco que vivemos.
Quando olho para o meu passado percebo que amei muito, que tive GrandeS AmoreS! Graças a Deus! Sempre fui muito rico em Amores. Hoje me sinto pobre, hoje também sinto medo de não amar. Mas me salvam as memórias, e a elas recorro para festejar este dia e todos os meus Amores:
Estávamos viajando há mais de uma semana. Foram várias cidades no interior de São Paulo, vários hotéis, vários restaurantes, várias platéias. Naquele 11 de outubro chegávamos em Belo Horizonte para conviver em mais um hotel, mais um restaurante. No dia seguinte teríamos mais uma platéia. Éramos um Grupo de Teatro cheio de vitalidade, cheio de alegria, montando e desmontando nosso cenário, fazendo e desfazendo nossa maquiagem. Acordávamos juntos, tomávamos café da manhã juntos, trabalhávamos juntos, nos alimentávamos juntos e conversávamos, e conversávamos, e ríamos, e ríamos, e brigávamos também, poucas vezes.
Estávamos viajando há mais de uma semana e naquele dia 11 de outubro chegamos em Belo Horizonte e eu não aguentava mais tanto convívio em comum. Risos.
Então, como não era difícil para mim, jantei com o grupo no hotel e com a desculpa de ir ao banheiro sai de mansinho, sem convidar ninguém para a tradicional cerveja. Eu adorava e adoro todos aqueles amigos, mas Belo Horizonte era uma cidade com um apelo diferente, eu sabia que algo especial me aguardava nas Minas Gerais, entre montanhas.
A noite estava deliciosa. Estava na Savassi, um bairro bacana, véspera de feriado. Sentia a vida fervilhando sob as estrelas. Andava perdido, sem ter onde ir, sem conhecer qualquer rua, qualquer lugar. Ao chegar em uma esquina me deparei com uma Torre Eiffel de 2 metros no meio da calçada.
Uau! A memória dos poucos dias que passei em Paris tomaram meu humor e me deram a garantia de que aquela noite seria memorável. Entrei no local para ver do que se tratava. Era uma boate, a Troisieme. Não tive dúvidas. Entrei.
A noite não estava cumprindo o prometido... a música era legal, havia um telão com imagens de aviões fazendo acrobacias, muitas pessoas como as muitas pessoas que sempre encontramos em muitas boates. O tédio começou a me dominar.
Em meio ao movimento eu vi quando ele entrou, acompanhado de uma menina. Um casal interessante. Não sei exatamente o porquê, mas minha atenção se fixou nele e meu pensamento o escolheu como tema. Ele era o escolhido. Mas eu, tímido, pouca inteligência relacional (riso) fiquei na minha, pensando, sem ação, me entregando ao tédio.
Quando o tédio venceu meu desejo de ficar tomei o caminho da saída. Som, luzes e eis que eu o vejo, encostado em uma coluna, só. Meus olhos se fixaram nele, o caminho da saída me levava a cruzar com ele, e meus olhos não conseguiram abandoná-lo. Parei quase em frente a ele, os olhos ainda fixos, minha cabeça enlouquecendo: eu preciso dizer algo! o que eu digo? que palavras usar? Ali, parados, olhos nos olhos. De repente ele apenas pegou em meu braço e me levou para dançar.
Nunca fui um bom dançarino apesar de frequentar muitos bailes na cidade onde nasci, no interior de São Paulo. The Cure e Joy Division me ajudaram neste sentido e meu jeito desengonçado podia ser tido como uma dança, mas ele era ainda mais desengonçado que eu, porém, naturalmente. E aquele jeito natural de ser desengonçado me deixou à vontade e poucos momentos depois estávamos nos beijando.
Da pista para uma área vazia no fundo da boate foi uma transferência instantânea. Lá ficamos, em pé, abraçados, excitados, falando sem parar sobre Clarice, sobre música, sobre teatro, sobre cinema. Aquela conversa, em outro momento, seria brochante, ou pelo menos desviaria o pensamento de uma pessoa para temas mais conceituais, mas entre nós, aquela conversa nos deixava ainda mais excitados. A necessidade do abraço era forte, nossos corpos de entrelaçavam, nossas mãos buscavam tocar todos os detalhes escondidos pelo pudor.
Suspiro profundo.
Ao me despedir dele na frente do hotel eu percebi que havia acontecido algo definitivo. O dia seguinte foi uma sequencia de atividades mas meu pensamento não o abandonou. À noite, na van, na estrada, voltando para Campinas eu olhava as estrelas sem conseguir dormir, observando a sensação que se manifestava dentro de mim, no corpo? Na alma? Em meu ser.
Em poucos dias recebi a primeira longa carta. Eu já havia postado a minha. Elas devem ter se encontrado pelo caminho. A partir daí muitas outras histórias aconteceram. Em poucos meses eu estava morando em Belo Horizonte e passamos a viver juntos, cada dia.
Como eu disse, o Amor é eterno, os relacionamentos não.
Hoje me restam memórias que me acalentam e inspiram meu viver, dando um bom sentido a cada novo dia.
Obrigado Deus! Amo, logo existo!