sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Independência ou dívida?

O Brasil de fato conquistou a sua Independência pagando milhões de libras esterlinas a Portugal numa negociação mediada pelo Excelentíssimo Cavaleiro de Sua Majestade Britânica Sir Charles Stuard, Grão Cruz da Ordem da Torre e Espada, em 1825.
O Brasil comprou a sua Independência. O tratado que oficializou o ato, chamado de reconhecimento, foi publicado em vários jornais brasileiros, inclusive em Salvador. O Correio da Bahia publicou a íntegra do documento, em setembro de 1825; não fala em valores e para isso usa do eufemismo “aceitando a mediação de sua majestade britânica para o ajuste de toda a questão incidente à separação dos dois estados”. A “questão incidente” era de 2 milhões de libras esterlinas, valor pago a título de indenização.
Pelo tratado publicado no jornal baiano, em setembro de 1825, Portugal reconhece o Brasil como país independente e “promete não aceitar proposições de quaisquer colônias portuguesas para se reunirem ao Império do Brasil”. O dinheiro foi tomado de empréstimo nos bancos ingleses, mas não chegou na íntegra dos valores conveniados aos cofres de Portugal. A operação bancária passou por Londres que reteve 1,4 milhões de libras esterlinas, a título de pagamento da dívida externa de Portugal para com os britânicos. Está explicado o interesse dos britânicos em mediar o tratado.
Em 7 de setembro, D. Pedro proclamou a famosa frase: Independência ou Morte. Esse mote foi um impulso para a multiplicação de hinos, representações e sentimento de amor à pátria. Porém, nesse momento ainda não se tinha com precisão a data da independência. Em junho havia tido a convocação da Assembleia Constituinte para o Reino do Brasil, em outubro se deu a aclamação de D. Pedro I no Rio de Janeiro e somente em dezembro é que ele foi oficialmente coroado. Assim, a firmação do 7 de setembro como data oficial da Independência foi mais uma conveniência simbólica do processo todo.