domingo, 22 de setembro de 2013

OS GIGANTES DA MONTANHA do GRUPO GALPÃO!!


Eu sei que não vou conseguir escrever tudo o que pretendo.
Eu sei que não vou conseguir descrever minha emoção, minhas sensações, minhas percepções, meu prazer, meu êxtase. Mas preciso tentar.
Como Genet, sobre a desgraça em Chatila,  "O sentimento no ar, a cor do céu, da terra, das árvores, isto pode ser descrito"; mas nunca a força dos gestos sobre o palco, o brilho dos olhos, a franqueza nas interpretações e a magia que emana no magnífíco espetáculo "Os Gigantes da Montanha".
Preciso revisitar o primeiro trabalho que assisti de Gabriel Villela, "O Concílio do Amor".
Estava em cartaz em São Paulo com um espetáculo infantil e saia do teatro correndo para chegar no CCSP, enfrentar a fila para comprar o ingresso, e viver, por 3 semanas seguidas, aquele encantamento.
Cada gesto, cada olhar, cada detalhe. Era tanto, era tão intenso, que aqueles momentos permanecem em mim apesar de já se passarem mais de 20 anos de vida... Era tanto, era tão intenso, que não parava de falar sobre o espetáculo e, chato que sou, acabei levando todo o elenco que trabalhava comigo para compartilhar aquela experiência.
É assim com "Os Gigantes da Montanha". Uma única vez não basta. É como fazer amor com a pessoa amada. Após o orgasmo desejamos que todo o prazer e encantamento se repita até a exaustão completa do ser.
Paulo André beira o absurdo. É impossível admirá-lo sem se esquecer do que está acontecendo ao redor. Até mesmo o rebolado ao caminhar retirando objetos de cena, na penumbra, arrebatam o olhar e a atenção. Cada gesto, cada respiração, mesmo ocultos, tem o poder de um telescópio! É preciso assistir "Paulo André em os Gigantes da Montanha". Um espetáculo a parte.
Teuda Bara! Suspiro. Como potente rainha em seu trono, como Elizabeth, que tinha todo um reino sob seu comando. Age em nosso sonho sem nos despertar... em seus atos nossos sonhos nunca nos abandonam.
A maravilhosa Inês, e o imponente Eduardo!! A maestria da coluna vertebral do espetáculo, mantendo o eixo e conduzindo toda a emaranhada trama deste corpo gigantesco!
Antonio. Imenso gigante, eterno menestrel.
Conde Arlindo, lindamente senhor, encantador. Mesmo fora do espetáculo, um ser nobre, imerso em mundos que estão além de nossa percepção.
Beto, de uma potência discreta. Com um domínio tão pleno que chega a ser irritante, não irritante no sentido do incômodo, mas no sentido do estimulo.
Julio Maciel, meu eterno diretor. Sempre lindo e encantador. Precisa de pouco, como o poeta, para nos libertar dos fatos.
Lydia e Regina, soberbas cantrizes. O Silêncio, sublime, se estabelece, ao ouvi-las.
Simone! Acho que o trombone é realmente o seu instrumento! Ao vê-lo, inerte, percebemos seu mistério e somos hipnotizados, e ao ouvi-lo nos perdemos em nós mesmos com a força que dele emana.
Arlindo e Simone, são duas pessoas lindas de se ver, mesmo fora de cena. Há momentos em que eles estão em um mundo outro, e só por lhe darmos nosso olhar, somos levados a outro universo, misterioso e sublime.
Luiz Rocha. Não posso deixar de citar Rodolfo Vaz. Sei que não é uma substituição, pois não é possível substituir alguém como Rodolfo e suas mortes. Mas não quero negar que Luiz Rocha ocupou este lugar. Se Rodolfo se Vaz, Luiz é Rocha. Piada infame. Que maravilha vê-lo, menino, neste espaço tão, tão, tão!!!
Em resumo... não... não é possível resumir... são 30 anos... É uma celebração. Uma célebre ação!!!
Uma "contínua embriaguez celeste".
Imensamente grato! Eternamente agradecido!

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