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sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Carta para um amigo não tão distante

    Cá estou nesta longa viagem dias adentro.

    Eu, que sempre fui auto suficiente, me pego agora questionando minha solidão.

    Trouxe comigo vários livros para preencher meu tempo, me fazer companhia. Suíte Tóquio, A vida invisível de Eurídice Gusmão, Canção para ninar menino grande, estes já lidos, e agora Um beijo de colombina. Seleção maravilhosa da bibliotecária do SESC, faço questão de citar.

    Neste, do agora, a personagem encontra uma rosa como Manuel Bandeira, uma rosa branca, sozinha no mundo, sozinha no tempo, e tudo ao redor da rosa era excesso. A rosa da personagem estava no meio de um canteiro malcuidado de uma lanchonete de beira de estrada. A minha rosa é apenas… apenas? uma palavra entre tantas outras. Assim como eu, uma pessoa no meio de tantas outras.

    Esta rosa me fez parar a leitura. Esta rosa me fez parar e observar minha respiração. Esta rosa me fez conversar contigo, sem sua presença, o que é bastante comum. É muito bom quando isto acontece pois nestas conversas você apenas ouve o que eu quero dizer, não responde, não comenta. Às vezes eu ouço uma risada dentro da minha cabeça sem saber se a risada foi minha ou se foi sua, como agora.

    Escalar o Pico dos Itatins. Me deliciar nas diversas banheiras de hidromassagem nas corredeiras da cachoeira do Paraíso. A visita à Prainha e depois, uau, uma pausa semibreve ocupando todo o tempo do compasso, a trilha e a praia do Índio. Aqui sim, uma solidão absoluta. Uma praia toda minha. Todas as ondas para me banhar. Todas as sombras para me proteger. Entendi a origem do nome da praia, da pessoa que viveu ali por anos, sozinha, como o carvalho em Luisiana do Walt Whitman. Bem sei que eu não poderia. Mas por quase uma eternidade eu vivi, ali, só, pleno, sem vontade de sair.

    Essa contradição me interessa. No mesmo prazer da solitude, a sensação de falta, da ausência de companhia.

    Descobri como eu preenchia esta solidão no tempo passado, eu escrevia, escrevia muito.

    Nunca havia estabelecido essa relação até ler Um beijo de colombina. Agora eu percebo. Quando a solidão se faz presente a escrita me faz companhia, como agora, e as palavras preenchem a ausência.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Alegria de Pobre

Nesta semana recebi R$ 52,00 referentes à Nota Fiscal Paulista. Este dinheiro eu obtive registrando algumas compras minhas no ano de 2008. Uma parte é do primeiro semestre de 2008 mas, como o valor não era suficiente para resgate tive que esperar mais um semestre até que, finalmente, meu imposto recolhido atingisse um valor que permitisse o depósito. Alegria de pobre. No primeiro momento fiquei feliz, afinal, R$ 50,00 não é um valor desprezível. Posso até comprar uma peça de roupa, o quê no momento é um artigo de luxo para mim. Mas depois, como não assisti à final do BBB9, pensei... R$ 52,00 são 3% do valor que paguei de ICMS no ano passado. Fazendo o cálculo inverso fiquei chocado: paguei mais de R$ 1.730,00 de ICMS no ano passado. Isto porque não pedi nota fiscal paulista em todas as minhas compras. Portanto, devo ter pago mais de R$ 3.000,00 de ICMS!!! Isto representa mais de 2 meses de salário!! Isto é, do meu salário. É. Eu sei que está todo mundo cansado de falar e escrever e reclamar e denunciar este assunto mas o que me resta a fazer? Quando eu era criança ou, pelo menos jovem, recebi a informação de que "o trabalho enobrece". Acreditei nesta frase por muito tempo. Mas hoje, com os conhecimentos de Matemática que adquiri nas Escolas que freqüentei, chego à conclusão de que "o trabalho enriquece os parasitas do Estado". Talvez minha tese não seja aceita pelos acadêmicos de plantão que eu também incluo na classificação de parasitas do Estado, mas eu realmente não vejo outra finalidade para os impostos recolhidos. A parte ainda mais triste desta história é que, seu eu tiver um aumento de, por exemplo, 6%, o quê seria alguma coisa acima da inflação nos últimos 12 meses, todo o aumento obtido com meu trabalho seria engolido pelo Estado, pois eu entraria na categoria do Imposto de Renda que me obriga a pagar 7,5% de meu salário, todos os meses. Ou seja, eu teria uma redução de salário. Portanto, com certeza, matematicamente falando, o trabalho não enobrece; ele empobrece. Talvez a verdade seja outra: "Quem trabalha não tem tempo de ganhar dinheiro." (ouvi minha avó dizer em algum momento perdido na memória). Atualmente, pelo que também podemos observar, as únicas pessoas que tem muito tempo livre são os políticos. Portanto, eles ganham dinheiro. São deduções óbvias! Ou não?