segunda-feira, 13 de abril de 2009

SEDA - Alessandro Baricco

39 (pg 73)
...
- Mas você não sabe por que Jean Berbek parou de falar? - perguntou-lhe.
- Essa é uma das muitas coisas que ele jamais disse.
Os anos tinham passado, mas ainda havia quadros pendurados nas paredes e panelas no escorredor, ao lado da pia. Aquilo não era nada alegre, e Baldabiou bem que gostaria de ir embora. Mas Hervé Joncour continuava a olhar fascinado para aquelas paredes bolorentas e mortas. era evidente: buscava algo, lá.
- Talvez seja porque a vida, às vezes, se apresenta de uma maneira tal que não há mais nada a dizer.
Disse.
- Mais nada, para sempre.
Baldabiou não era talhado para assuntos sérios. Fitava a cama de Jean Berbeck.
- Talvez qualquer um emudecesse, numa casa tão horripilante.
Hervé Joncour continuava a viver retirado, indo pouco à cidade, e passava o tempo trabalhando no projeto do parque que cedo ou tarde construiria. Enchia folhas e mais folhas com desenhos estranhos que pareciam máquinas. Uma noite Hèlene lhe perguntou
- O que são?
- Um viveiro.
- Um viveiro?
- Sim.
- E para que serve?
Hervé Joncour mantinha os olhos fixos nos desenhos.
- Você o enche de pássaros, tantos quanto puder, e depois, um dia em que lhe acontece alguma coisa boa, você o escancara, e os vê sair voando.
- o -
Em resumo, um livro mágico, como poucos, que nos remetem a universos para de apenas lê-los.
Existem capítulos de apenas uma frase que nos remetem a profundos diálogos.
Enfim, melhor que comentá-lo é lê-lo, mais uma vez. E isto é fácil, lê-se em poucas horas de imenso prazer!
Não perca esta oportunidade.

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