segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Hermann Hesse

Pois é. Existe um grupo de pessoas que fala muito mal dos livros que Paulo Coelho escreve... eu concordo com este grupo! E eu não fiz como José Saramago. Eu li Paulo Coelho. Comecei com "O Alquimista", depois li "Diário de um Mago". Quando comecei a ler "Brida" fiquei em dúvida... será que o alquimista ou o mago teriam feito uma cirurgia de resignação sexual? A história se repetia, as frases apenas trocavam os adjetivos, as personagens apenas reencarnavam com outro nome, para viver o mesmo processo... Houve um dia em que eu estava conversando com um novo amigo e ele dizia algumas frases de efeito, me pareciam conhecidas... arrisquei: - É Paulo Coelho? Ele ficou feliz e animadamente me perguntou: - Você também gosta de Paulo Coelho? Suspiro. A decepção foi mutua, mas a amizade continuou! Eu nunca havia falado mal do Paulo Coelho, respeitava sua "penetração" no mercado, afinal, muitas pessoas estavam lendo seus livros. Eu havia lido "Sidarta" muito tempo antes do mago aparecer, até que li uma entrevista com Paulo Coelho nas páginas amarelas da revista Veja. Quando? Nem lembro. Faz tempo. Pois Paulo Coelho teve a petulância dizer, sobre "Sidarta", que uma história que termina com um homem olhando para um rio não lhe diz nada... Paulo Coelho deve ter lido "Sidarta" no Reader´s Digest. Me desculpem os leitores de Paulo Coelho espalhados pelo mundo, mas ele tem muito o que aprender com Hermann Hesse.
Bem, Hermann Hesse. O que eu li? "Lobo da Estepe", livro referência para jovens na década de 1960, "Demian", "Gertrud", "Knulp" (meu preferido), "Narciso e Goldmund" e o último escrito por ele, "O Jogo das Contas de Vidro". Todos dignos de permanecerem na cabeceira da cama ou correrem mundo na mão dos amigos! É uma injustiça manter um livro do Hermann Hesse na prateleira, distante de olhos e mentes humanas. Mas não precisamos comparar Paulo Coelho com o ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 1946, podemos simplesmente compará-lo a Alberto Vasquez-Figueroa, autor de "Tuareg", onde qualquer semelhança com, por exemplo, "Diário de um Mago", também será mera influência positiva.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Expressões Ocasionais - Apresentação

"... O eu que fala e se mostra incansavelmente na web costuma ser tríplice: é ao mesmo tempo autor, narrador e personagem. Além disso, porém, não deixa de ser uma ficção; pois, apesar de sua contundente auto-evidencia, é sempre frágil o estatuto do eu. Embora se apresente como 'o mais insubstituível dos seres' e 'a mais real, em aparência, das realidades', o eu de cada um de nós é uma entidade complexa e vacilante. Uma unidade ilusória construída na linguagem, a partir do fluxo caótico e múltiplo de cada experiência individual. Mas se o eu é uma ficção gramatical, um centro de gravidade narrativa, um eixo móvel e instável onde convergem todos os relatos de si, também é inegável que se trata de um tipo muito especial de ficção. Pois além de se desprender do magma real da própria existência, acaba provocando um forte efeito no mundo: nada menos do que eu, um efeito-sujeito. É uma ficção necessária, pois somos feitos desses relatos: eles são a matéria que nos constitui enquanto sujeitos. A linguagem nos dá consistência com relevos próprios, pessoais, singulares, e a substancia que resulta desse cruzamento de narrativas se (auto)denomina eu." (in O SHOW DO EU, de Paula Sibila, Nova Fronteira, 2008, pg 31.) Assim... aqui... expresso meu eu, exercito (não exército) meu eu, através de expressões ocasionais do que leio, do que vejo, do que vivo!