sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Ayahuasca, uma revolução ancestral. Parte 1.




A história sobre o chá da Ayahuasca remonta desde o Império Inca e vem sendo utilizado milenarmente por indígenas que vivem na região da Amazônia como prática espiritual e ritual. Com a chegada de outros povos ao Brasil, não-indígenas passaram a fazer uso do chá. Essa utilização vem aumentando desde a liberação do uso da Ayahuasca para fins religiosos no Brasil. A ação do chá deve-se à presença de alcaloides nas plantas utilizadas na sua preparação: o cipó Banisteriopsis caapi, chamado de Mariri; e as folhas do arbusto Psycotria viridis, chamado de Chacrona.

A palavra Ayahuasca é de origem indígena. Aya quer dizer “pessoa morta, alma espírito” e waska significa “corda, liana, cipó ou vinho”. Assim a tradução, para o português, seria algo como “corda dos mortos” ou “vinho dos mortos”. No Peru, encontrou-se o seguinte significado: “soga de los muertos”.

Diversos povos indígenas, que vivem desde a região da Amazônia até o sul dos Andes, fazem uso da Ayahuasca, especificamente, é utilizada por cerca de 72 tribos distintas da Amazônia, dentre elas destacam-se os Kaxinawá, Yaminawa, Sharanawa, Ashaninka, Airo-pai, Baranara, dentre muitas outras. Para estas civilizações, as manifestações religiosas ocorrem na forma de mitos ligados à realidade do meio que os cercam. Para os Kaxinawá a natureza possui alma, vontade e ordem própria, revelando que o espírito da mesma é uma energia vital responsável por todo o fenômeno em qualquer parte do mundo. Assim, a natureza não está fora do humano, o humano está dentro da natureza. Para os Kaxinawá, a natureza não existe sem ser permeada pelo espiritual.

A ingestão da bebida seria, ainda, fundamental para o destino do indígena depois da sua morte. Somente com o chá, o ser humano poderia perceber a separação entre o espírito e o corpo. Sem isso o corpo ficaria louco e não conseguiria alcançar a “aldeia celeste”, que seria o destino final do espírito. E, também, somente com o chá se pode adquirir a força necessária para enfrentar “a luta espiritual com a onça gigante e não ser devorado por esta, que está no meio do caminho para a aldeia celeste”. Entre os Ashaninka, a Ayahuasca significa virtude religiosa e moral, sendo seu uso ligado a um dever, cuja principal característica é a eternidade. Dentre as culturas indígenas, as visões causadas pelas plantas são consideradas verdades absolutas, e mais, as visões seriam a verdade. Para estas civilizações, a vida cotidiana seria uma ilusão ou um período transitório. O verdadeiro aspecto da vida na Terra é aquele contemplado nas visões sob o efeito do chá. A planta revelaria as coisas como elas realmente são, revelaria a essência dos seres, e neste caso todos seriam iguais, todos com aspecto humano, mas não são humanos e sim seres da natureza que vivem em um espaço próprio, onde eles vêem tudo e sabem de tudo.

Aqui, destaco Teilhard de Chardin, um padre francês que faleceu em Nova Iorque em 1955, a quem é atribuída a frase: “somos seres espirituais vivendo uma experiência humana”. Uma pessoa com uma ancestralidade completamente diversa de qualquer indígena sul americano, mas com a mesma percepção.

A Ayahuasca é considerada, ainda, como sendo a fonte de todo o conhecimento necessário para se viver corretamente em todos os aspectos (pessoal, moral, social, espiritual, ancestral, com os animais, plantas e seres sobrenaturais). Por fim, temos os efeitos terapêuticos da planta que é ao mesmo tempo aquilo que permite o diagnóstico, bem como a cura para inúmeros males.

O importante de todo este prólogo é que esses elementos se fazem presentes nos diversos grupos não-indígenas que utilizam o consumo da Ayahuasca em seus rituais, pois esses elementos são efeitos produzidos pelo consumo do chá.

Eu, pessoalmente, faço uso da Ayahuasca há mais de 7 anos, bebendo o chá, geralmente, a cada 15 dias. O que eu posso dizer, da minha experiência pessoal, é que os elementos descritos nas pesquisas que foram fonte desse texto estão também presentes em minha experiência subjetiva.

Encerro deixando a reflexão: os efeitos produzidos pelo chá são determinados pelo ritual? Ou são os efeitos do chá na psique humana que determinam os rituais?

No próximo texto pretendo trazer algumas informações de estudos sobre a ação dos alcaloides encontrados na Ayahuasca.


Fontes:

Costa, M. C. M.; Figueiredo, M. C.; Cazenave, S. O. S. Ayahuasca: uma abordagem toxicológica do uso ritualístico. Revista de Psiquiatria Clínica 32 (6); 310-318, 2005.

Labate, B.C.; Araújo, W.S. - O uso Ritual da Ayahuasca. Mercado das Letras. FAPESP, São Paulo, 2002.


Um grito fraco para uma samambaia surda


    Assistir ao espetáculo Filoctetes em Lemnos com Vinícius Torres Machado nos impõe um ato de persistência. A cena descrita no título é um bom momento para definir a peça e é também um bom momento para se levantar e sair da sala de espetáculo.

    Eu consegui, por teimosia, continuar sentado assistindo o transcorrer das cenas até o show bizarro e os agradecimentos, talvez um momento final do espetáculo, a partir do qual os guerreiros podem continuar sua odisseia. Mas não. Vinícius volta à cena, se senta, e espera, ele ainda espera seu resgate. A partir deste momento muitas pessoas fazem a leitura de fim, se levantam, saem da sala, sem aplausos, o ator continua em cena, continua sem dizer.

    Imagino o Vinícius ainda lá, sentado, esperando, as portas do teatro se fecharam, a equipe de manutenção organizou o espaço, os técnicos fizeram suas revisões, e ele permaneceu lá, sentado, esperando. Deve estar lá, agora. Nós sabemos que não.

    Filoctetes em Lemnos com Vinicius Torres Machado é um espetáculo que, quanto menos eu gosto, mais eu admiro.

    Como espectador, na escuta flutuante adequada a um espectador, eu saí da sala, na realidade, um galpão, incomodado, com vontade de preencher aquele vazio de palavras encobertas por camadas de signos elaborados por uma masturbação intelectual típica dos acadêmicos do Teatro.

    E, no meu direito a elaborar as minhas próprias masturbações intelectuais, atingi meu orgasmo.

    A frase que recebemos ao entrar no espaço nos informa sobre a espera de 10 anos, o período que durou a Guerra de Tróia, até que os gregos, através do oráculo Heleno; um oráculo de Tróia, capturado pelos gregos; recebem a informação de que, para vencer a guerra, eles precisam do arco de Héracles.

    Mas o arco de Héracles está com o Filoctetes, que os gregos abandonaram em uma ilha deserta na viagem até Tróia, pois ele havia sido picado por uma cobra e gritava muito com as dores causadas por esse acontecimento.

    E o cavalo? Para que serviria o cavalo se os gregos não tivessem resgatado o FIloctetes com seu arco?

    Vejam que a narrativa é complexa. Alcançar essa narrativa de forma cênica, sem palavras, não é uma tarefa simples para um relês expectador. E pior. Para que me serve essa narrativa no ano 2025 de nosso senhor Jesus Cristo?

    Aí me vem à mente outra guerra em curso, não uma guerra, um genocídio, o Estado de Israel matando o povo na Faixa de Gaza. Esse genocídio vai completar dois anos em 7 de outubro. Será que teremos que esperar 10 anos, até que algum Heleno nos diga para resgatar FIloctetes da ilha e acabar com esse massacre?

    Talvez. Enquanto isso nós seremos essa plateia apática, como a samambaia, da cena título desse texto.. Podemos sair da sala insatisfeitos, incomodados, iremos comer uma pizza na 1900, discutir o belo projeto de iluminação do espetáculo e seus enigmas simbólicos transcendentais e continuar contando os corpos, os corpos de mulheres e crianças palestinas, os corpos de jovens negros nas periferias do Brasil. Não nos faltam fontes e origens e opções de corpos para contar. Continuemos então, com tantos corpos para contar, esperando nosso resgate em nossas ilhas, cada um na sua.

    Cabe aqui trazer uma tradição da história do povo hebreu. Quando o Rei Davi estava em seu leito de morte, ele deu dois conselhos para seu filho, Salomão. O primeiro era que Salomão não deveria acreditar nos profetas. O segundo era que Salomão deveria matar seu meio-irmão, Adonias, filho primogênito de Davi, que teria direito ao trono. Portanto, no caso de Gaza, seguindo os princípios hebreus, o que Heleno disser não será ouvido, e o arco de Filoctetes não irá por um fim ao genocídio na Faixa de Gaza, pois o designío é matar o irmão que tem direito ao trono.

    Vejam só, quanta reflexão podemos extrair de um espetáculo que não disse nada.


sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Carta para um amigo não tão distante

    Cá estou nesta longa viagem dias adentro.

    Eu, que sempre fui auto suficiente, me pego agora questionando minha solidão.

    Trouxe comigo vários livros para preencher meu tempo, me fazer companhia. Suíte Tóquio, A vida invisível de Eurídice Gusmão, Canção para ninar menino grande, estes já lidos, e agora Um beijo de colombina. Seleção maravilhosa da bibliotecária do SESC, faço questão de citar.

    Neste, do agora, a personagem encontra uma rosa como Manuel Bandeira, uma rosa branca, sozinha no mundo, sozinha no tempo, e tudo ao redor da rosa era excesso. A rosa da personagem estava no meio de um canteiro malcuidado de uma lanchonete de beira de estrada. A minha rosa é apenas… apenas? uma palavra entre tantas outras. Assim como eu, uma pessoa no meio de tantas outras.

    Esta rosa me fez parar a leitura. Esta rosa me fez parar e observar minha respiração. Esta rosa me fez conversar contigo, sem sua presença, o que é bastante comum. É muito bom quando isto acontece pois nestas conversas você apenas ouve o que eu quero dizer, não responde, não comenta. Às vezes eu ouço uma risada dentro da minha cabeça sem saber se a risada foi minha ou se foi sua, como agora.

    Escalar o Pico dos Itatins. Me deliciar nas diversas banheiras de hidromassagem nas corredeiras da cachoeira do Paraíso. A visita à Prainha e depois, uau, uma pausa semibreve ocupando todo o tempo do compasso, a trilha e a praia do Índio. Aqui sim, uma solidão absoluta. Uma praia toda minha. Todas as ondas para me banhar. Todas as sombras para me proteger. Entendi a origem do nome da praia, da pessoa que viveu ali por anos, sozinha, como o carvalho em Luisiana do Walt Whitman. Bem sei que eu não poderia. Mas por quase uma eternidade eu vivi, ali, só, pleno, sem vontade de sair.

    Essa contradição me interessa. No mesmo prazer da solitude, a sensação de falta, da ausência de companhia.

    Descobri como eu preenchia esta solidão no tempo passado, eu escrevia, escrevia muito.

    Nunca havia estabelecido essa relação até ler Um beijo de colombina. Agora eu percebo. Quando a solidão se faz presente a escrita me faz companhia, como agora, e as palavras preenchem a ausência.

quinta-feira, 9 de abril de 2020

Autoritarismo e conformidade, as bases da política

CATILINÁRIA: DISCURSO DE CÍCERO CONTRA CATILINS VALE PARA O BRASIL

   – Já que és um político – sorriu Cícero – talvez possas dizer-me o que é um político?
   – Um farsante – respondeu Graco, secamente. 
   – Pelo menos és franco.
   – É minha única virtude, e uma virtude extremamente valiosa. Num político as pessoas confundem-na com honestidade. Verás: nós vivemos numa república. Isto significa que há muita gente que não tem nada e um pequeno número que tem muitíssimo. E aqueles que têm muitíssimo precisam ser defendidos e protegidos por aqueles que nada têm. Não somente isto. Os que têm muito precisam proteger sua propriedade e, portanto, aqueles que não têm nada devem estar dispostos a morrer pela propriedade de gente como tu ou como eu e nosso bom anfitrião Antônio. Além disso, gente como nós tem muitos escravos. Esses escravos não gostam de nós. Não devemos cair na ilusão de que os escravos amam seus donos. Não amam e, portanto, os escravos não nos protegerão contra outros escravos. De modo que os muitos que não têm escravo algum, devem estar dispostos a morrer para que possamos ter nossos escravos. Roma mantém um quarto de milhão de homens armados. Estes soldados devem estar dispostos a ir para terras estrangeiras, a marchar até que seus pés estejam completamente desgastados, a viver na sujeira e na miséria, a ensanguentar-se, de modo que nós possamos estar seguros em viver com comodidade e aumentar nossa fortuna pessoal. Quando estas tropas saíram para lutar contra Espártaco, tinham menos a defendo do que os escravos e, não obstante, morreram aos milhares lutando contra eles. Poderíamos ir mais longe. Os camponeses que morreram lutando contra os escravos estavam no exército, em primeiro ugar, porque foram expulsos de suas terras pelos latifúndios. As plantações, nas quais trabalham os escravos, os transformaram em miseráveis sem terra; e, depois, morreram para manter intactas as plantações. Poderíamos nos sentir tentados a dizer reductio ad absurdum. Considera, pois, querido Cícero, o que o bravo soldado romano perde se os escravos vencem? Eles, na realidade, vão necessitá-los desesperadamente, pois não há escravos suficientes para trabalhar adequadamente a terra. As terras seriam insuficientes para todos e nossos legionários teriam o que mais sonham ter, seu pedaço de terra e sua casinha. E, no entanto, marcham para destruir seu próprio sonho, para que dezesseis escravos carreguem um porco velho e gordo como eu numa liteira acolchoada. Poderias negar a verdade do que digo? 
   – Penso que, se o que dizes fosse dito em voz alta por um homem comum, no Foro, crucificá-lo-íamos. 
   – Cícero, Cícero – ri Graco –, isto é uma ameaça? Sou demasiado gordo, pesado e velho para ser crucificado. E por que ficas tão nervoso quando escutas a verdade? É necessário mentir aos outros. É necessário que tenhamos de crer nas nossas mentiras? 
   – É tal como dizes. Tu simplesmente omites a pergunta-chave: É cada homem igual a outro ou diferente do outro? Há uma inconsistência em teu pequeno discurso. Tu dás por assentado que os homens são semelhantes como as ervilhas numa vasilha. Eu não. Existe uma elite, um grupo de homens superiores. Se os deuses os fizeram desta maneira ou as circunstâncias fizeram-nos encaixar em seus papéis, isto não é algo que se deva discutir. São homens feitos para governar e, por isso, governam. E porque os demikas são como gado, comportam-se como gado Olha só: apresenta uma tese, a dificuldade é explicá-la. Apresenta uma sociedade, mas se a verdade fosse tão ilógica como teu retrato, a estrutura inteira entraria em colapso em um só dia. O que não explicas é o que mantém funcionando este quebra-cabeça ilógico. 
   – Claro que o faço – acrescenta Graco, – Eu o mantenho funcionando. 
   – Tu? Somente tu?
  – Cícero, pensas realmente que sou um idiota? Vivi uma vida longa e perigosa e continua por cima. Perguntaste-me antes o que é um político. O político é o cimento desta casa louca. O patrício não o pode fazer sozinho. Em primeiro lugar, pensa da mesma maneira que tu pensas e aos cidadãos romanos não lhes agrada que lhes digam que são gado. Não o são – coisa que algum dia aprenderás. Em segundo lugar, o patrício não sabe nada sobre os cidadãos. Se fosse deixado por sua conta, a estrutura entraria em colapso num só dia. Por isso, recorre a pessoas como eu. Não poderia viver sem pessoas como eu. Nós racionalizamos o irracional. Nós convencemos as pessoas de que deve renunciar a uma porção de sua fortuna para manter o resto. Nós somos como magos. Nós fabricamos uma ilusão e a ilusão é à prova de todos. Nós dizemos ao povo: ‘tu és poder’. Teu voto é a fonte da força e glória de Roma. Vós sois o único povo livre do mundo. Não há nada mais precioso que tua liberdade, nada mais admirável que tua civilização. ‘E tu controlas tudo; tu és o poder’. Eles, então, votam por nossos candidatos. Choram por nossas derrotas. Gozam com alegria por nossas vitórias. E se sentem orgulhosos e superiores porque não são escravos. Não importa quão baixo estejam não importa se dormem na rua, se ocupam os assentos públicos nas corridas e na arena todo dia, se matam os seus recém-nascidos, se vivem graças à caridade alheia, e nunca levantam a mão para trabalho algum, desde o seu nascimento até a sua morte, o importante é que eles não são escravos. Eles são uma porcaria, mas cada vez que veem um escravo seus egos se levantam e se sentem cheios de orgulho e poder. Então sabem que são cidadãos romanos e que o mundo inteiro sente inveja deles. E esta é a minha arte peculiar, Cícero. Jamais denigras ou desprezes um político.

terça-feira, 2 de abril de 2019

Leitura de I Ching com varetas

Durante muitos anos desenvolvi a prática de leitura do I Ching com varetas, estudando textos de C. G. Jung. A partir desta prática e dos estudos, preparei uma oficina de "Leitura do I Ching com varetas".

Projeto de HistóriaS

Obtive minha formação em História pela Universidade Federal de Ouro Preto em 2003 (Bacharelado e Licenciatura) e iniciei minha carreira como Professor na Rede Municipal de Ensino de São Paulo em 2010.
Neste período, desenvolvi diversos resumos e mapas mentais para auxiliar minhas aulas, nunca prontos, sempre em aprimoramento:














sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Independência ou dívida?

O Brasil de fato conquistou a sua Independência pagando milhões de libras esterlinas a Portugal numa negociação mediada pelo Excelentíssimo Cavaleiro de Sua Majestade Britânica Sir Charles Stuard, Grão Cruz da Ordem da Torre e Espada, em 1825.
O Brasil comprou a sua Independência. O tratado que oficializou o ato, chamado de reconhecimento, foi publicado em vários jornais brasileiros, inclusive em Salvador. O Correio da Bahia publicou a íntegra do documento, em setembro de 1825; não fala em valores e para isso usa do eufemismo “aceitando a mediação de sua majestade britânica para o ajuste de toda a questão incidente à separação dos dois estados”. A “questão incidente” era de 2 milhões de libras esterlinas, valor pago a título de indenização.
Pelo tratado publicado no jornal baiano, em setembro de 1825, Portugal reconhece o Brasil como país independente e “promete não aceitar proposições de quaisquer colônias portuguesas para se reunirem ao Império do Brasil”. O dinheiro foi tomado de empréstimo nos bancos ingleses, mas não chegou na íntegra dos valores conveniados aos cofres de Portugal. A operação bancária passou por Londres que reteve 1,4 milhões de libras esterlinas, a título de pagamento da dívida externa de Portugal para com os britânicos. Está explicado o interesse dos britânicos em mediar o tratado.
Em 7 de setembro, D. Pedro proclamou a famosa frase: Independência ou Morte. Esse mote foi um impulso para a multiplicação de hinos, representações e sentimento de amor à pátria. Porém, nesse momento ainda não se tinha com precisão a data da independência. Em junho havia tido a convocação da Assembleia Constituinte para o Reino do Brasil, em outubro se deu a aclamação de D. Pedro I no Rio de Janeiro e somente em dezembro é que ele foi oficialmente coroado. Assim, a firmação do 7 de setembro como data oficial da Independência foi mais uma conveniência simbólica do processo todo.