Tudo
começou em mais um daqueles momentos em que nos defrontamos com nós mesmos na
frente do espelho. O final de semana havia sido intenso e uma nova semana com
sua rotina devia começar. Lá estava eu, na frente do espelho, averiguando quem
estava ali comigo; se havia ocorrido alguma mudança; se os cabelos brancos
continuavam desalinhados; se o diâmetro da cintura continuava maior do que o
desejado; se o meu olhar tinha algo para me dizer. Foi entre estas divagações e
olhares que notei algo estranho no meu pescoço; o lado esquerdo estava maior do
que de costume; havia um inchaço que deformava a linha do pescoço. Apalpei o
inchaço para averiguar sua existência, não havia dor, curvei a cabeça para
todos os lados; o inchaço continuava lá.
Estávamos
em agosto de 2011 e os compromissos da vida eram inadiáveis, assim sendo, segui
minha rotina, sem abandonar o pensamento sobre aquela alteração em minha
fisionomia. Alguns dias se passaram sem que ninguém observasse algo diferente
em meu pescoço, além de mim mesmo. A possibilidade de ser apenas algo
momentâneo foi sendo eliminada com o passar dos dias e a permanência da
alteração. Junto com o pensamento vieram as preocupações e uma consequente
busca de informações que indicaram várias alternativas: lipodistrofia, tireoide,
um simples deslocamento na musculatura, um linfoma chamado Hodgkin.
Passadas
algumas semanas tive uma consulta com a médica que me acompanhava e apresentei
minha preocupação sobre a alteração em meu pescoço. A médica examinou e eliminou a possibilidade
sobre a musculatura; havia pelo menos um nódulo grande no pescoço. Iniciou-se
então uma sequência de exames e encaminhamentos para diagnóstico. Após alguns exames a tireoide foi descartada
e passamos então ao encaminhamento para uma biopsia do nódulo. Já estávamos em
novembro e pelo nosso Sistema Único de Saúde (SUS) este exame poderia demorar
alguns meses para ocorrer. Sendo professor na rede pública municipal de São
Paulo uma amiga me aconselhou a procurar o Hospital do Servidor Público
Municipal (HSPM). O ano estava chegando ao fim, com muitos compromissos e
atividades na agenda, o inchaço no pescoço não apresentava dor ou qualquer
incômodo, os dias foram se passando e qualquer atitude mais incisiva foi
postergada para o ano seguinte.
No
decorrer do processo, já com a possibilidade de ser o Linfoma de Hodgkin, ou
algo pior, o Linfoma de não-Hodgkin, procurei orientações no site da ABRALE e
recebi ótimas e rápidas orientações sobre como proceder. Mas como disse, o ano
estava acabando, e as ações foram deixadas para o início do ano seguinte.
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