sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Um linfoma chamado Hodgkin - I



Tudo começou em mais um daqueles momentos em que nos defrontamos com nós mesmos na frente do espelho. O final de semana havia sido intenso e uma nova semana com sua rotina devia começar. Lá estava eu, na frente do espelho, averiguando quem estava ali comigo; se havia ocorrido alguma mudança; se os cabelos brancos continuavam desalinhados; se o diâmetro da cintura continuava maior do que o desejado; se o meu olhar tinha algo para me dizer. Foi entre estas divagações e olhares que notei algo estranho no meu pescoço; o lado esquerdo estava maior do que de costume; havia um inchaço que deformava a linha do pescoço. Apalpei o inchaço para averiguar sua existência, não havia dor, curvei a cabeça para todos os lados; o inchaço continuava lá.
Estávamos em agosto de 2011 e os compromissos da vida eram inadiáveis, assim sendo, segui minha rotina, sem abandonar o pensamento sobre aquela alteração em minha fisionomia. Alguns dias se passaram sem que ninguém observasse algo diferente em meu pescoço, além de mim mesmo. A possibilidade de ser apenas algo momentâneo foi sendo eliminada com o passar dos dias e a permanência da alteração. Junto com o pensamento vieram as preocupações e uma consequente busca de informações que indicaram várias alternativas: lipodistrofia, tireoide, um simples deslocamento na musculatura, um linfoma chamado Hodgkin.
Passadas algumas semanas tive uma consulta com a médica que me acompanhava e apresentei minha preocupação sobre a alteração em meu pescoço.  A médica examinou e eliminou a possibilidade sobre a musculatura; havia pelo menos um nódulo grande no pescoço. Iniciou-se então uma sequência de exames e encaminhamentos para diagnóstico.  Após alguns exames a tireoide foi descartada e passamos então ao encaminhamento para uma biopsia do nódulo. Já estávamos em novembro e pelo nosso Sistema Único de Saúde (SUS) este exame poderia demorar alguns meses para ocorrer. Sendo professor na rede pública municipal de São Paulo uma amiga me aconselhou a procurar o Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM). O ano estava chegando ao fim, com muitos compromissos e atividades na agenda, o inchaço no pescoço não apresentava dor ou qualquer incômodo, os dias foram se passando e qualquer atitude mais incisiva foi postergada para o ano seguinte.
No decorrer do processo, já com a possibilidade de ser o Linfoma de Hodgkin, ou algo pior, o Linfoma de não-Hodgkin, procurei orientações no site da ABRALE e recebi ótimas e rápidas orientações sobre como proceder. Mas como disse, o ano estava acabando, e as ações foram deixadas para o início do ano seguinte.

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