sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Um linfoma chamado Hodgkin - V

Os chamados “ciclos de quimioterapia” seguiram-se, sem percalços. Houve uma ameaça de interrupção do tratamento por falta de medicamento na farmácia do HSPM, mas felizmente sua reposição chegou a tempo sem provocar interrupções no meu tratamento. O mesmo não pode ser dito no caso de outros pacientes, infelizmente.
Apesar de nunca faltar nada nos gabinetes de nossos ilustres vereadores; que também deveriam ser responsáveis pelo bom funcionamento dos serviços públicos; as escolas, postos de saúde e hospitais de São Paulo só não estão mais abandonados porque a população sempre “põe a boca no trombone” e a mídia adora uma notícia destas para ter IBOPE. É mais uma vergonha para nosso país, tão rico e miserável ao mesmo tempo.
Fisicamente, o corpo se desgasta com o passar das sessões. O estômago fica mais sensível, as veias também sofrem com os medicamentos que são injetados (como é dito no jargão hospitalar, as veias “fritam”). É por esta razão que o cuidado com a alimentação e com o descanso é muito importante. Uma única vez que não resisti à tentação de comer uma coxinha, eu passei a vergonha de dar uma mordida nela e sair correndo para vomitar no banheiro, e nem deu tempo de chegar até lá. Acabei trocando o meu vício em cerveja e bebidas alcoólicas por vício em água e sucos (sorriso). É incrível como, mesmo com uma pausa no tratamento, o meu desejo por estas bebidas ficou menor, e a necessidade por água e sucos ficou mais intensa. Para o problema das veias, uma boa compressa com chá de camomila proporciona uma melhora significativa.
Inicialmente fui encaminhado para 8 ciclos de quimioterapia e terminados estes ciclos, realizei novos exames de tomografia e cintilografia. Apesar de os exames não apresentarem mais nenhum linfonodo, o médico me encaminhou para mais 4 ciclos de quimioterapia afim de aumentar o possibilidade de não reincidência do linfoma. No caso de reincidência do linfoma, o tratamento é mais agressivo, o que torna este cuidado, neste momento, muito mais adequado e com menor sofrimento, já que estou reagindo bem aos medicamentos e o tratamento não tem causado tantos danos colaterais. O “presente” de mais 4 ciclos de quimioterapia não é muito animador, mas é necessário, portanto, mais uma vez, é preciso transformar nossa vida não em uma sucessão de problemas, mas em uma sucessão de vitórias! Como diz o poeta: “Nunca me esquecerei desse acontecimento / na vida de minhas retinas tão fatigadas. / Nunca me esquecerei que no meio do caminho / tinha uma pedra.”
Já foram cinco meses de tratamento, agora são mais dois meses de quimioterapia e depois vou passar por sessões de radioterapia, e após tudo isto, alguns anos de exames e acompanhamento para averiguar se não ocorre a reincidência do linfoma. Mas posso dizer, com toda a certeza, que todos os resultados são extremamente positivos.

2 comentários:

Unknown disse...

Bom... estou já no meu 04 ciclo... passando pelos mesmos "problemas" (ai noto o quanto perdi minha singularidade...). Neste momento, tudo esta indo bem, apesar da quimioterapia estar se tornando muito aborrecida devido a primeira medicação que dá enjôo....

Mig disse...

Olá Tiago! Força ai! É difícil, mas o nosso caso é dos mais simples neste universo do "câncer". Acho estranho esta primeira medicação que te dá enjôo, pois no meu tratamento, o primeiro medicamento era para "não dar enjôo", depois é que vinham os medicamentos específicos para o linfoma (4 diferentes). Além deste primeiro medicamento para controlar o enjôo, durante toda a quimioterapia, tomei um comprimido de omeoprazol todos os dias, pela manhã, em jejum. Aliás, estou finalizando a radioterapia, e continuo tomando o omeoprazol, pois quando não tomo sinto uma azia bem forte. E também, nos três dias após a quimioterapia, tomava Vonau a cada 8 horas. Não sou médico, mas acho que estes "acessórios" minimizaram estes efeitos colaterais. Se você não tem esta indicação, converse com seu médico.