Os chamados “ciclos de quimioterapia” seguiram-se, sem percalços. Houve
uma ameaça de interrupção do tratamento por falta de medicamento na farmácia do
HSPM, mas felizmente sua reposição chegou a tempo sem provocar interrupções no
meu tratamento. O mesmo não pode ser dito no caso de outros pacientes,
infelizmente.
Apesar de nunca faltar nada nos gabinetes de nossos ilustres vereadores;
que também deveriam ser responsáveis pelo bom funcionamento dos serviços
públicos; as escolas, postos de saúde e hospitais de São Paulo só
não estão mais abandonados porque a população sempre “põe a boca no trombone” e
a mídia adora uma notícia destas para ter IBOPE. É mais uma vergonha para nosso
país, tão rico e miserável ao mesmo tempo.
Fisicamente,
o corpo se desgasta com o passar das sessões. O estômago fica mais sensível, as
veias também sofrem com os medicamentos que são injetados (como é dito no
jargão hospitalar, as veias “fritam”). É por esta razão que o cuidado com a
alimentação e com o descanso é muito importante. Uma única vez que não resisti
à tentação de comer uma coxinha, eu passei a vergonha de dar uma mordida nela e
sair correndo para vomitar no banheiro, e nem deu tempo de chegar até lá.
Acabei trocando o meu vício em cerveja e bebidas alcoólicas por vício em água e
sucos (sorriso). É incrível como, mesmo com uma pausa no tratamento, o meu
desejo por estas bebidas ficou menor, e a necessidade por água e sucos ficou
mais intensa. Para o problema das veias, uma boa compressa com chá de camomila
proporciona uma melhora significativa.
Inicialmente
fui encaminhado para 8 ciclos de quimioterapia e terminados estes ciclos,
realizei novos exames de tomografia e cintilografia. Apesar de os exames não
apresentarem mais nenhum linfonodo, o médico me encaminhou para mais 4 ciclos
de quimioterapia afim de aumentar o possibilidade de não reincidência do
linfoma. No caso de reincidência do linfoma, o tratamento é mais agressivo, o
que torna este cuidado, neste momento, muito mais adequado e com menor
sofrimento, já que estou reagindo bem aos medicamentos e o tratamento não tem
causado tantos danos colaterais. O “presente” de mais 4 ciclos de quimioterapia
não é muito animador, mas é necessário, portanto, mais uma vez, é preciso
transformar nossa vida não em uma sucessão de problemas, mas em uma sucessão de
vitórias! Como diz o poeta: “Nunca me esquecerei desse acontecimento / na vida
de minhas retinas tão fatigadas. / Nunca me esquecerei que no meio do caminho /
tinha uma pedra.”
Já
foram cinco meses de tratamento, agora são mais dois meses de quimioterapia e
depois vou passar por sessões de radioterapia, e após tudo isto, alguns anos de
exames e acompanhamento para averiguar se não ocorre a reincidência do linfoma.
Mas posso dizer, com toda a certeza, que todos os resultados são extremamente
positivos.
2 comentários:
Bom... estou já no meu 04 ciclo... passando pelos mesmos "problemas" (ai noto o quanto perdi minha singularidade...). Neste momento, tudo esta indo bem, apesar da quimioterapia estar se tornando muito aborrecida devido a primeira medicação que dá enjôo....
Olá Tiago! Força ai! É difícil, mas o nosso caso é dos mais simples neste universo do "câncer". Acho estranho esta primeira medicação que te dá enjôo, pois no meu tratamento, o primeiro medicamento era para "não dar enjôo", depois é que vinham os medicamentos específicos para o linfoma (4 diferentes). Além deste primeiro medicamento para controlar o enjôo, durante toda a quimioterapia, tomei um comprimido de omeoprazol todos os dias, pela manhã, em jejum. Aliás, estou finalizando a radioterapia, e continuo tomando o omeoprazol, pois quando não tomo sinto uma azia bem forte. E também, nos três dias após a quimioterapia, tomava Vonau a cada 8 horas. Não sou médico, mas acho que estes "acessórios" minimizaram estes efeitos colaterais. Se você não tem esta indicação, converse com seu médico.
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